O Estado do Pará, que sediará em novembro deste ano a tão aguardada 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), é também protagonista em um dado alarmante: lidera o desmatamento da Amazônia pelo nono ano consecutivo. Este contraste entre a responsabilidade ambiental e os desafios locais coloca o Pará no centro das discussões globais sobre sustentabilidade e preservação.
Pará: O Epicentro da Devastação Florestal
De acordo com dados recentes divulgados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o Pará foi responsável pela destruição de 1.260 quilômetros quadrados de floresta amazônica em 2024. Este número representa um aumento de 3% em relação ao ano anterior, reafirmando o estado como o líder em desmatamento desde 2016.
“O campeão de desmatamento em 2024 foi o Pará, com 1.260 km² devastados”, destaca o relatório do Imazon. A grande maioria dessas áreas devastadas está associada à exploração madeireira ilegal, expansão agropecuária e ocupações irregulares.
Focos de Desmatamento em Terras Protegidas
Um dado ainda mais preocupante é que terras protegidas no estado também figuram entre as regiões mais impactadas. O território indígena Cachoeira Seca, localizado nos municípios de Altamira, Placas e Uruará, foi o mais atingido, com a perda de 14 km² de floresta em 2024. Para efeito de comparação, isso equivale a aproximadamente 1.400 campos de futebol.
A situação é agravada pela falta de fiscalização eficiente e pelo avanço de atividades ilegais em áreas que deveriam ser preservadas como patrimônio ambiental e cultural. Mesmo com legislações que protegem territórios indígenas e unidades de conservação, a realidade é que muitos desses espaços têm sido alvo de destruição sistemática.
COP30 em Belém: Um Palco de Contradições?
A escolha de Belém, capital do Pará, como sede da COP30 coloca o estado em evidência global. Esta conferência será uma oportunidade para o Brasil mostrar seu compromisso com o combate às mudanças climáticas e à preservação ambiental, mas também traz à tona os desafios enfrentados internamente.
O governo brasileiro anunciou recentemente que uma equipe da Secretaria das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas realizou uma avaliação no Pará e forneceu recomendações preliminares para melhorias na infraestrutura, serviços de saúde, transporte e segurança pública. Essas ações são essenciais para garantir o sucesso do evento, que promete atrair milhares de participantes de todo o mundo.
O Papel da COP30 no Combate ao Desmatamento
A COP30 será um marco para o debate global sobre como conciliar desenvolvimento econômico com a conservação ambiental. Para o Brasil, que possui a maior parte da floresta amazônica em seu território, esta conferência representa uma oportunidade de ouro para reafirmar compromissos internacionais e implementar medidas mais eficazes contra o desmatamento.
“Queremos fazer uma COP que realmente tenha impacto neste contexto mundial tão desafiador”, afirmou André Corrêa do Lago, presidente da COP30, durante uma conferência de imprensa recente. Ele destacou que a infraestrutura local é uma prioridade para garantir a participação de líderes globais e sociedade civil, além de promover soluções concretas para os problemas ambientais.
Impactos Locais e Globais
Embora o Pará enfrente desafios graves no que diz respeito ao desmatamento, a escolha do estado para sediar a COP30 também pode trazer oportunidades. O evento coloca a região em foco, atraindo investimentos, promovendo discussões sobre soluções sustentáveis e estimulando a conscientização global sobre a importância da Amazônia.
Por outro lado, há o risco de que os compromissos assumidos durante a COP30 não se traduzam em mudanças efetivas no curto prazo. A falta de fiscalização adequada e o histórico de impunidade em relação às atividades ilegais na região são barreiras significativas a serem superadas.
Conclusão: Um Olhar Esperançoso para o Futuro
A realização da COP30 no Pará simboliza tanto um desafio quanto uma oportunidade. O estado, que carrega o peso de ser o maior desmatador da Amazônia, também pode se tornar um exemplo de transformação e compromisso com a sustentabilidade.
A discussão sobre o futuro da Amazônia e do clima global nunca foi tão urgente. Espera-se que a COP30 não apenas traga soluções concretas, mas também inspire mudanças reais e duradouras para preservar a floresta e garantir um futuro mais verde para as próximas gerações.