A energia renovável é um fator cada vez mais estratégico para empresas de todo o mundo. Gigantes como Google, Apple e Microsoft assumiram nos últimos anos compromissos de usar energia de fontes renováveis. No caso da Apple, por exemplo, todas as instalações da empresa utilizam 100% de energia limpa desde 2018 e a marca estimula seus fornecedores a seguirem o mesmo caminho.
No Brasil, a produção de energia por meio de fontes renováveis é impulsionada pela geração distribuída e deve registrar um crescimento significativo ao longo da próxima década.
Veja a seguir algumas tendências e perspectivas do mercado de energia renovável para o próximo ano no Brasil e no mundo:
1. Redução nos custos de produção
Um relatório da Agência Internacional de Energia Renovável publicado em 2019 aponta que os custos para gerar energia a partir de fontes renováveis devem cair no ano que vem. O estudo cita os avanços tecnológicos do setor e o crescimento da produção como fatores determinantes para o barateamento da energia renovável.
A estimativa apresentada pela Agência Internacional de Energia Renovável é de que em 2020 a energia eólica e solar fotovoltaica sejam mais baratas do que a gerada por combustíveis fósseis.
Vale lembrar, no entanto, que os dados do relatório são de uma média global. Ou seja, alguns países podem levar mais tempo para reduzir os custos de produção de energia renovável.
2. Energia renovável no plano estratégico da Petrobrás
O crescimento da produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis e mais sustentáveis também está no radar da Petrobras.
A estatal divulgou recentemente a revisão de seu plano estratégico para os próximos anos incluindo as energias renováveis em seus projetos de investimento. O Novo Plano 20-24 prevê que a Petrobras deve “desenvolver pesquisas visando a atuação, em longo prazo, em negócios de energia renovável com foco em eólica e solar no Brasil”.
Além disso, na busca por maior competitividade, a estatal também pretende, de acordo com seu plano estratégico, “viabilizar comercialmente o diesel renovável e o BioQav como resposta às políticas de sustentabilidade da matriz energética brasileira”.
3. Crescimento da Geração Distribuída
Uma das grandes tendências do setor energético que deve seguir em crescimento em 2020 é a geração de energia para além das concessionárias. A chamada Geração Distribuída (GD) é regulada por meio da Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012 e permite que indivíduos ou empresas gerem sua própria energia e vendam seus excedentes para as concessionárias obtendo créditos em sua conta.
Proveniente em grande medida de fontes renováveis, a Geração Distribuída já registra avanços significativos no país. Em outubro de 2019, o Brasil atingiu a marca de 1,5 GW com 121 mil instalações. E as projeções de crescimento estimam que em 2029 capacidade de geração compartilhada seja de 12 GW.
As possibilidades estratégicas de economia já atraem as grandes empresas para a GD. Um exemplo é a fabricante de bebidas Ambev, que assinou em 2019 contratos a para a construção de 31 usinas solares até março de 2020. São 50 mil painéis solares divididos entre quatro empresas contratadas e que vão gerar 2,6 mil megawatts/hora (MWh) por mês. Potência suficiente para abastecer seus 94 centros de distribuição da Ambev no país.
4. Nova regulamentação da GD
Com o crescimento da GD, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) pretende alterar alguns pontos da regulamentação da geração compartilhada no Brasil. A revisão, já prevista em 2015, entrou em consulta pública em outubro de 2019 e as contribuições podem ser feitas até 31 de novembro deste ano.
No sistema atual, quando um sistema de geração de distribuída tem um excedente, a sobra é colocada no sistema de distribuição. E quando a geração é insuficiente, ele utiliza a eletricidade produzida pelo sistema de distribuição. Ou seja, há uma compensação baseada no que é produzido e consumido.
De acordo com a ANEEL, quando essa compensação ocorre na baixa tensão, quem possui sistema de geração distribuída não paga todos os componentes da tarifa de energia. A agência considera então que esse custo é “rateado” entre os demais consumidores. Por isso, a nova proposta é de um modelo em que os produtores de GD também arquem com com os custos de uso da rede.
Você pode saber mais sobre a proposta da ANEEL nos materiais que a própria agência disponibilizou em seu site:
- Entenda melhor o que a ANEEL está propondo para o futuro da GD
- Revisão das regras de geração distribuída entra em consulta pública
A mudança prevê, claro, um período de transição para os “prossumidores” (produtores/consumidores) da GD. No entanto, como a proposta ainda está em consulta pública é importante acompanhar os próximos passos dessa mudança.
Para saber mais:
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