Entenda a Transição Energética no Brasil e no Mundo
A transição energética tem sido um tema cada vez mais debatido e traz muitas perguntas. O que está sendo feito para reduzir as emissões? E como o Brasil está se saindo nessa jornada? Vamos explorar essas questões e entender o panorama atual da transição energética no Brasil e no mundo.
O que é Transição Energética?
A transição energética consiste em substituir, sempre que possível, os combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, por fontes que emitem menos gases de efeito estufa, como a energia solar e eólica. Essa mudança, no entanto, não é simples, pois ainda dependemos muito dos combustíveis fósseis para diversas necessidades do dia a dia. Gás de cozinha, gasolina, diesel e até mesmo alguns medicamentos utilizam derivados do petróleo em sua composição. Portanto, mesmo nos cenários mais otimistas, como os levantados pela Agência Internacional de Energia (AIE), o petróleo ainda deve ter uma presença significativa na matriz energética mundial, embora em proporções menores do que atualmente.
Objetivo da Transição Energética
O principal objetivo da transição energética é reduzir as emissões de carbono, o principal responsável pelo efeito estufa, para mitigar as mudanças climáticas. Esse objetivo está alinhado com a busca global para atingir as metas previstas no Acordo de Paris, assinado em 2015 por 195 países. Na prática, trata-se de uma verdadeira jornada rumo a um mundo mais sustentável, onde a energia limpa desempenha um papel central.
Importância do Acordo de Paris
O Acordo de Paris comprometeu 195 nações a implementar, incentivar e exigir ações que evitem as mudanças climáticas e mantenham o aquecimento global abaixo do limite de 2°C em relação ao nível pré-industrial, com a ambição de mantê-lo abaixo de 1,5°C. A meta foi estabelecida para prevenir os impactos mais graves das mudanças climáticas, como secas intensas, inundações e perda de biodiversidade. A gerente executiva de Mudança Climática da Petrobras, Viviana Coelho, explica que o Acordo de Paris é crucial para guiar as ações globais em direção a um futuro mais sustentável.
Transição Energética no Brasil
O Brasil está significativamente avançado no processo de transição energética em comparação com muitos outros países. A matriz elétrica brasileira é composta por 84% de fontes renováveis, enquanto a matriz energética, que inclui todos os tipos de combustíveis, é 45% renovável. Nos últimos cinco anos, o país aumentou drasticamente a geração de energia eólica e solar, que atualmente superam a geração de energia elétrica a partir de gás natural.
Ao redor do mundo, o setor de energia é o principal responsável pelas mudanças climáticas. No Brasil, porém, a situação é diferente, pois quase metade das fontes de energia já são renováveis, emitindo muito menos carbono do que a média global. O Brasil assumiu o compromisso de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 48% até 2025 e em 50% até 2030, em comparação com os níveis de 2005. Além disso, o país se comprometeu a atingir a neutralidade de emissões até 2050, com várias iniciativas e metas em curso, incluindo a eliminação do desmatamento ilegal até 2028 e a implementação do Plano Clima, que envolve a participação do governo junto a instituições para mitigar as emissões.
Oportunidades e Desafios
A transição energética impõe desafios únicos, mas também traz novas oportunidades. O Brasil está avançando em relação aos marcos regulatórios de fontes renováveis de energia, como a energia eólica offshore e o hidrogênio verde. Essas iniciativas abrem portas para novos projetos e atraem grandes investidores. A legislação recente, como a aprovação do marco legal do hidrogênio pelo Senado, é um passo significativo nessa direção. Este marco legal é fundamental para posicionar o Brasil como um líder na produção e exportação de hidrogênio verde, um combustível essencial para a descarbonização de vários setores industriais.
Transição Energética na Europa
Os países da União Europeia também têm avançado na transição energética. Em pesquisas de 2021, destacavam-se por terem uma intensidade de carbono menor do que a média mundial, embora ainda maior que a do Brasil. A intensidade de carbono refere-se ao total de gases de efeito estufa emitidos ao longo do ciclo energético, desde a produção e distribuição até o uso final dos combustíveis. A jornada da Europa pela transição energética tem sido impulsionada por diversas iniciativas, incluindo a precificação do carbono. Essa abordagem estabelece um custo para as emissões de carbono, incentivando os países a reduzirem suas emissões e investirem em tecnologias mais limpas.
Clarissa Lins, sócia-fundadora da consultoria de sustentabilidade Catavento, explica que a precificação do carbono é uma crença de muitos países europeus. Eles impõem um custo às emissões superiores aos limites estabelecidos, incentivando a adoção de tecnologias menos emissoras. Isso ajuda a direcionar os investimentos para soluções mais sustentáveis e a reduzir a pegada de carbono das indústrias.
Petrobras e a Transição Energética
A Petrobras está comprometida com uma transição energética gradual, responsável e progressiva. A empresa está expandindo seus investimentos em novas energias, equilibrando essa expansão com a produção de petróleo necessária para atender à demanda global de energia. Em 2023, a Petrobras consolidou seu compromisso com uma transição energética justa ao criar a Diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade. Esta diretoria coordena as atividades de descarbonização, enfrentamento às mudanças climáticas, desenvolvimento de novas tecnologias e sustentabilidade.
Energia Renovável: O Papel do Brasil
O Brasil está bem posicionado para se beneficiar da crescente demanda global por energia renovável. Em 2023, 93,1% da energia produzida no país foi de fontes renováveis, com uma capacidade instalada de 203 GW e mais 85 GW em projetos de geração futura, todos de fontes renováveis. O país tem o potencial de atrair datacenters, fornecendo energia localmente (powershoring), ou exportar essa energia para outros continentes. A aceleração do Programa Nacional de Hidrogênio (PNH2) é crucial, utilizando energia renovável para fabricar hidrogênio que pode ser exportado.
Certificação e Sustentabilidade
Um aspecto essencial para o sucesso do Brasil na transição energética é garantir que a energia fornecida seja realmente limpa e renovável. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) está trabalhando em uma plataforma para negociar certificados de energia renovável (I-RECs), além de hidrogênio verde e outros produtos. Essa certificação é vital para evitar a duplicidade e o chamado “greenwashing”, onde as empresas fazem alegações enganosas sobre seus esforços ambientais.
O Futuro das Energias Renováveis
A transição energética não é apenas uma necessidade ambiental, mas também uma oportunidade econômica. O Google, por exemplo, se comprometeu a zerar suas emissões de carbono até 2030, mas enfrenta grandes desafios para cumprir essa promessa. O Brasil pode assumir a tarefa de fornecer energia limpa certificada, consolidando sua posição como o maior fornecedor global. Essa é uma das missões centrais da nossa geração e uma oportunidade única para o país.
Reflexões Finais
Já era tempo de achar que a inteligência artificial e outras tecnologias emergentes não beneficiariam o Brasil economicamente. Já é tempo de perceber que o Brasil pode ser o maior fornecedor de energia renovável do planeta. E já vem o momento de trabalhar para aproveitar essa oportunidade rapidamente, não só para a IA, mas também para outras indústrias como aviação, siderurgia e fertilizantes.
Conclusão
A transição energética é um desafio global que exige ação imediata e coordenada. O Brasil, com suas vastas fontes de energia renovável, está em uma posição privilegiada para liderar essa transformação. Com o compromisso certo, investimentos estratégicos e uma abordagem sustentável, o país pode não apenas alcançar suas metas de emissões, mas também se tornar um líder global em energia limpa, atraindo investimentos e promovendo um futuro mais sustentável para todos.
